" Cada pessoa se alimenta do que lê, do que escuta, do que vê, de tudo que recebe do mundo e incorpora a si, assim como absorve um perfume. E se torna um pouco daquilo que fala, que ouve e toca. Se suas idéias e pensamentos são partes construtivas do seu ser, cada um doa seus conteúdos ao mundo ao expressá-los através de suas palavras e gestos ".

I Ching --- Livro : Medicina Integrativa - A cura pelo equilíbrio - Paulo de Tarso Lima.



domingo, 21 de junho de 2009

Mistério do sentimento

O que é o amor ? Perguntei ao amigo Eudes Junior, e recebi o seguinte artigo. Divido-0 com vocês.

Da apneia ao suspiro, o amor é inspiração sublime. Por Ana Lavrati.

O primeiro amor pode durar uma vida mas, às vezes, só vive o tempo de um beijo. Pode chegar à maturidade. Ou se dissolver, saciado o desejo. Porque não é a longevidade, e sim a intensidade, que define esse momento, precioso, da existência.
Pautado pela inexistência de qualquer conflito, afinal, ao estrearmos no amor verdadeiro, ultrapassamos a fronteira dos temores mundanos, das diferenças.
E o medo, como nunca, se deixa embalsamar por uma coragem que não conhecíamos, pela certeza de que a vontade de ficar junto é maior do que qualquer circunstância. E a distância, por mais mensurável que seja, ganha novos padrões, subjetivos, subordinados à energia e não mais sujeitos à ditadura de uma trena. Porque levamos o outro junto.

Ao olharmos a foto, 20, 60 vezes por dia. Ao cheirarmos o casaco, do outro, que agora vestimos com tanto apego. Ao ouvirmos a música, aquela, que repetimos sem competência, ou com exagerada potência, na ilusão de um replay daquela hora que às vezes demora a se repetir. Apesar de nossa infalível pronta-disposição. De repente, em despeito às urgências, da família, do trabalho, da saúde, da casa, temos todo o tempo do mundo, pra pensar no primeiro encontro, reeditá-lo em câmera lenta, reconstruirmos com esmero a cena que, se dependesse de nós, seria guardada intacta, em porta-jóias cravejado de valores eternos.

E a quantos artifícios recorremos pra que perdure essa sensação... Contando pros amigos, com detalhes. Anotando no diário até os ares. Revivendo em silêncio, num engarrafamento. Relembrando em segredo, no tiritar de taças que exalam o seco sabor da ausência de quem mais queríamos ali perto. Porque 24 horas por dia, lado a lado, é muito pouco quando se descobre o amor. A vontade, mesmo quando escondida, é de ser um só, um sol, único e insubstituível. E nenhuma prova confirma isso tanto quanto a despedida... Quando a gente beija, e beija de novo, e só mais um pouquinho, e aí respira fundo, como se o olfato pudesse roubar a pele, os poros.
A cisão é um sacrifício... Sempre se sai suspirando, com o peito refém da apneia do amor: quanto mais espaço entre eu e o outro, menos respiro.
Sentimentos profundos cavam em nós um poço de contradições: Inspiram... mas causam falta de ar. Se a história acabou, se inflamou, se está pra começar. Mesmo se dá certo, quando perdura, tortura. Um instante longe e já falta a mão, na temperatura certa. Falta a boca... (como pode um sorriso tão doce arrombar assim, sem ressalvas, todas as nossas muralhas?).

Falta a voz, e o que ela costuma nos dizer. Sem anúncios, uma postura, entre dezenas, centenas, corresponde ao que procuramos em milhares de dias... Sem esforço, o outro se encaixa, quando telefona (até mesmo se for pra adiar um encontro), na porta do carro, diante da sogra, no conforto do sofá, nas horas difíceis, no respeito às relações que deixaram raízes.
Quando o amor é mútuo, não é preciso muito. Nenhuma mudança. Nada de adaptações. Nenhuma imposição. Naturalmente, somos dragados por um universo com crateras gigantes, mas nos sentimos alados, amados, aptos a desbravar a dois as tocas, as falésias e os horizontes desse mundo novo.
O amor, simplesmente, nos faz melhores. Desobstrui manias. Alivia dores. Desencadeia a tolerância. Tem marca registrada. É sempre insubstituível. E o melhor de todos os melhores sintomas intrínsecos ao primeiro amor, é que nada nos impede de encontrarmos, ao longo da vida, o primeiro amor sem precedentes, maior e mais promissor do que todos os anteriores.

http://www.acontecendoaqui.com.br/index.asp?dep=20&articulista=119&pg=19534

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